File:Eva (1891) - Tomás Costa (1861-1932) (49558585931).jpg

Museu Nacional de Arte Contemporânea, MNAC, Museu Do Chiado, Lisbon, Portugal

Material: Marble Collection: MNAC-MC Inv.: 208

ABOUT THE WORK

Esta imagem excessiva de uma Eva encenando a metáfora do pecado representa bem todos os equívocos da prática escultórica académica fim de século.

Por um lado, havia a fidelidade a modelos e cânones, veiculados através de um ensino rígido e exigente. Mas havia também uma crescente liberdade subjectiva, numa vontade de fuga ou uma rebeldia porque o dinamismo da prática artística – o que de importante se inventava – estava a sair para fora dos circuitos intemporais da Escola.

Artistas modestos como Tomás Costa nunca souberam resolver este conflito: os braços da Eva alongam-se mas não adquirem nenhuma nova beleza, o nu respira materialidade mas não consubstancia nenhuma realidade plástica, o gesto suspende-se teatralmente mas não adquire espessura significante.

Raquel Henriques da Silva

SOURCE: <a href="http://museuartecontemporanea.gov.pt/pt/pecas/ver/32" rel="noreferrer nofollow">museuartecontemporanea.gov.pt/pt/pecas/ver/32</a>

BIOGRAPHY

Ingressou na Academia de Belas-Artes do Porto em 1882, onde estudou com Marques de Oliveira e Soares dos Reis.

Colega de António Teixeira Lopes, disputa com este escultor uma bolsa do Estado para Paris e vence com a obra Catão preparando-se para a morte.

Parte em 1885, desenvolve a sua formação com os mestres Alexandre Falguière (1831 – 1900) e Antonin Mercier (1845 – 1916) e permanece naquela cidade 20 anos. Participa nos Salons de Paris e conquista algumas medalhas, nomeadamente com a escultura o Dançarino, e a distinção de menção honrosa no concurso de Ronde-bosse com Figura de Mulher. Nos anos de 1888 a 90 expõe um busto de Mlle. Deschamps (cantora da Ópera Cómica de Paris), David, o busto de Melo Viana e Eva.

A partir de 1890 dedica-se à escultura monumental. Projecta um Monumento a Vasco da Gama (comemorações do IV Centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia na cidade de Macau, inaugurado em 1911) e o Monumento ao Duque de Saldanha, co-autoria com o arquitecto Ventura Terra, com inauguração em 1919. Ainda em Paris, projecta Invicta em 1894 e o Monumento ao Infante D. Henrique para a cidade do Porto, inaugurado apenas em 1900.

Esteve presente em diversas exposições internacionais, como a grande Exposição Universal de Paris em 1900, onde recebeu a medalha de prata, e em 1908 na Exposição Nacional do Rio de Janeiro. Estabelece-se em Lisboa neste ano, participa nas exposições da SNBA (medalha de ouro, 1908) e realiza significativas obras: o busto República para o Palácio de S. Bento, projecta Almeida Garrett que não chegou a ser executado, Vasco da Gama, António Nobre, inaugurado no Porto, e Duque de Palmela, entre outros.

Catarina Duarte