Category:Necrotério Municipal (Belém)

Português: "Ó Necrotério. Encontra-se ao lado ocidental da doca Ver-o-peso o necrotério público, mandado erigir, a 22 de Março de 1899, pelo senador Antonio Lemos, intendente de Belém. Esse estabelecimento destina-se a operações de ordem científica tem pelo frontispício o aspecto de uma ermida, cuja característica se acentua pela transparência de uma rosácea em vitral que lhe adorna a fachada, e ainda mais pela presença de uma cruz erguida ao alto da frontaria de marmore. No frontispício, entre as cornijas e o pórtico, destacase uma placa de mármore cinzenta atribuindo a dados da construção. O edifício tem a forma de um quadrilongo abrindo em janelas e portas para todos os lados.

Interiormente é dividido em dois compartimentos: uma sala para os trabalhos cirúrgicos e um gabinete ao fundo para depósito de instrumentos, desinfetantes e tudo mais necessário à prática das autópsias. Na sala alinhadas-se quatro mesas de mármore destinadas a receber os cadáveres que tenham de ser autopsiados. Essas mesas, que têm uma superfície ligeiramente côncava, são fendidas por dois sulcos diagonais, que formam ângulos no centro, permitindo desta sorte a escoação dos líquidos derramados pelo cadáver e dos que se empregam como antissépticos e desinfetantes. Coincide com o vértice desses angulos um ourificio que conduz a um encanamento privativo do necrotério, que despeja na bahia. Acompanhando longitudinalmente a superfície das mesas, sahem das paredes laterais longos tubos de níquel, que ejaculam água verticalmente para lavagem de cadáveres e outros misteres.

A situação do necrotério à beira do rio e às portas da cidade assegura-lhe as melhores condições higiênicas, que são escrupulosamente mantidas pela administração, sem cair da natureza da edificação que facilita do modo mais evidente o asseio imprescindivel e uma pronta ordem num estabelecimento destinado a taes barbatanas. Uma grade de ferro, fazendo um pequeno terraço em torno do edifício, abriga-o das invasões dos curiosos na ocasião das autopsias. As janelas altas conservam-se sempre abertas, permitindo a circulação livre do ar e impossibilitando que se veja a rua ou que se passe no interior do estabelecimento. Finalmente uma escada de pedra em forma de caes dá acesso ao rio ao necrotério, facilitando assim a coleta de cadáveres, procedentes dos navios e das cidades visitas." Do: Album de Belem, Pará, 15 de Novembro de 1902. Belem: Edição F.A. Fidanza, 1902, p. 55-56.